terça-feira, 14 de outubro de 2008

TRIIIMMM....TELEFONE PRA VOCÊ

Pousada L´amour....não poderia existir um nome mais piegas do que aquele para um estabelecimento que se destinava a servir de refúgio para os amantes. Como tantos outros lugares que se destinavam ao mesmo fim, aquele também se localizava as margens da única rodovia que servia de acesso à cidade de Belém.
Aquela noite poderia ser como qualquer outra noite de verão da região Norte: quente, úmida e abafada, mas ao mesmo tempo agradável. Mas não...definitivamente aquela noite não seria igual a nenhuma outra que Mônica já tivesse vivido, por vários motivos.
Ela era uma jovem, que no vigor dos seus 18 anos, já havia passado por diversos problemas familiares, os famosos “conflitos de gerações”. Pais que já esqueceram que foram filhos e filhos que não lembram que nunca foram pais. Protecionismo exacerbado, ativismo secular em prol do futuro profissional, vida de desgaste na igreja que freqüentavam e onde iniciaram Mônica no “caminho da verdade”. Com todos esses percalços pelo seu breve caminho de vida, ela conseguiu sobreviver às cobranças paternas ao mesmo tempo em que começou a dedicar-se realmente a obra de Deus. De mera freqüentadora de igreja passou a ser uma adolescente de destaque, sendo convidada por vezes a “trazer a Palavra” nas reuniões de juventude. Nos retiros e acampamentos promovidos pela igreja, lá estava Mônica, ajudando a montar as equipes, direcionando as pessoas, realizando atividades para que tudo corresse bem. Buscava também forças na leitura da Bíblia, nas revistas da Escola Bíblica e nos conselhos de seus professores alguns anos mais velhos. Ela havia aprendido a amar a Jesus verdadeiramente e Ele era a pessoa mais importante do mundo para ela.....até que uma nova família chegou à igreja e Felipe, único filho daquele casal, desceu do carro como se uma redoma brilhante pulsasse ao seu redor. A luz que emanava dele (pelo menos era algo que só ela via) era inexplicável. Lindo!....Ele era, simplesmente, lindo...
Natural que uma moça com seus 17 anos de hormônios sob pressão sentisse algo diferente, principalmente porque Felipe a olhou de forma especial, um olhar cativante, um olhar que de certa forma a acorrentaria por algum tempo. A aproximação, após alguns dias, foi inevitável. As conversas, as risadas, os cumprimentos, abraços amistosos quando se encontravam...mas ambos sabiam que não era apenas amizade. Após um convite temeroso para “pegar um cinema”, lá estavam os dois, adentrando a sala de projeção, com seus sacos de pipoca e copos de refrigerante. Dali para frente, já podiam dizer que estavam namorando. Ambas as famílias concordavam com o lindo casal e parece que o restante da igreja também aprovava, com exceção das moças invejosas e dos caras que fariam de tudo para estar no lugar de Felipe. As frases da hora eram sempre: “Não sei o que ele viu nela” ou “Esse cara é muito babaca pra namorar uma gata como a Mônica”.
Felipe já estava com 19 anos, estudante universitário, um rapaz crente, lutando contra todos os tipos de tentações que os cinco sentidos com os quais fomos presenteados são capazes de nos bombardear, seja homem,seja mulher. De família levemente abastada, já detinha a propriedade de um carro semi-novo, seu orgulho, seu xodó, aquele carro era apelidado, pelos amigos, de “Isaac”, fazendo alusão ao sacrifício que Abrahão precisou fazer, quando Deus pediu que este matasse aquele, o oferecendo como oferta ao Senhor. Carrinho vermelho-ferrari, que ajudou em muito nos propósitos que permearam a mente daquele jovem, ao perder um “round” para o pecado e deixar o diabo bater palmas para ele.
Mônica começou a perceber que aquela relação sadia começava a tomar formas mais apimentadas e começou a ver-se em situações complicadas, principalmente quando ficava a sós com o namorado. Felipe havia mudado seu comportamento com ela, mas...mas...era algo complicado de explicar. Não que ele a estivesse evitando, não, pelo contrário! Ele agora era um verdadeiro grude! Vivia dizendo que a amava, que ela era a mulher da vida dele, que queria casar com ela num futuro próximo... coisas deste tipo, faladas por centenas de homens e acreditadas por milhões de mulheres. Os pais de Mônica começaram a estranhar um pouco o comportamento dos dois, mas “eram novos tempos”, coisas que “não podíamos fazer antes” ou ainda, “não quero proibir meus filhos da maneira que fui proibido”. Frases infelizes, ditas por pais irresponsáveis e inconsequentes, que acham que as desgraças só acontecem na família do vizinho.
Ela o amava, não existiam dúvidas sobre seus sentimentos, mas até quando? Até quando aquela chama arderia em seu peito por ele? E pelos exemplos, ele também a amava, “ou será que apenas lhe desejava, como um troféu a ser conquistado e logo depois colocado na estante enquanto já correria atrás de um outro prêmio?” Felipe estava lhe pressionando para que “passos mais sérios” fossem dados na relação que existia entre eles e aquilo ficava martelando em sua cabeça, preparada academicamente, mas ingênua no que se refere a experiências de vida. Mônica não conseguia entender como as coisas chegaram àquele ponto. Como uma serva de Deus – pelo menos ela falava por si, uma vez que não poderia julgar o coração de Felipe – como ela, que estava sempre lendo a Palavra, participando da Escola Bíblica, dos cultos, dos acampamentos, podia estar sendo levada a ter determinados pensamentos que lhe deixavam envergonhada? Como? Qual seria a linha divisora entre o que era certo e o que era errado? O que define o certo? E o errado? O que é bom e o que é mau? Por que fazer ou não fazer determinadas coisas? “Na televisão parece algo tão simples, tão normal..." Conversar com alguém sobre isso?? Nem pensar! Se eu for conversar com alguém de fora da igreja, vão me aconselhar a “encarar” e buscar ser feliz. No entanto, se conversar com alguma amiga da igreja, provavelmente vai me aconselhar a terminar meu namoro, pois o Felipe não seria o homem que Deus quer pra minha vida! Terminar? Não, não! Se eu faço isso num dia, no outro a fila anda e ele ainda vai ficar com uma das dezenas de meninas na igreja que só estão esperando isso acontecer! Não, não....não posso deixar isso acontecer...”
Direita... esquerda....Oeste...Leste....caminho largo...caminho estreito....escolhas. O livre arbítrio é uma benção, pois nos dá opções. Mas também nos impõe conseqüências, causas e efeitos. O universo funciona assim. Mônica estava pensando justamente sobre isso: “Ó, Deus! Me ajude! Preciso de forças do alto pra resistir! Amo o Felipe, mas não estou preparada para esse passo, é algo muito sério! Íntimo demais....me ajude...” Naquele momento ajuda não veio....mas o celular de Mônica tocou. Era Felipe. A armadilha estava pronta. Ele já havia perdido a batalha contra a tentação que lhe atormentava. Será que se tivesse apenas dito “NÃO”, seus problemas não estariam resolvidos? Ou se tivesse plagiado Jesus ao ser tentado, falando como ele “não me tentarás, pois está escrito”.... mas onde era que estava escrito mesmo? Qual a referência bíblica que o proibia de fazer aquilo que seu corpo e seus hormônios estavam clamando a ele para fazer? Preferiu então ficar com a dúvida e aceitar sua condição de pecador...
Aquele telefonema foi o marco divisor para os dois. A data complicou mais ainda, pois era véspera do Dia dos Namorados e Felipe tinha um presente especial para sua amada. Dinheiro na carteira, carro com película e combustível, sem hora para chegar em casa. O que poderia dar errado? Mônica não respondeu ao convite, pois na verdade ele não aconteceu. Felipe, de uma maneira bastante ardilosa e carinhosa foi apenas falando sobre os planos para aquele dia. A cada frase falada havia uma pausa, como se aguardasse pela rejeição de sua amada. Levando em conta o ditado de que “quem cala, consente”, ele continuava a falar e a detalhar, sempre tentando tirar os medos e dúvidas do coração de Mônica. Assim, ela desligou o telefone sem dizer que sim nem que não, mas, no entender de Felipe, o silêncio dela era a resposta positiva para a realização de seus planos.
Dia dos Namorados. Enquanto a grande maioria dos jovens da igreja estava indo ao culto de celebração e para o jantar dos namorados promovido pela juventude, Mônica caminhava em direção do carro de Felipe, estacionado na esquina. Ao ver o automóvel a poucos metros, parou por um momento. A porta aberta aguardando por ela pareceu-lhe, num breve momento, uma grande boca, escancarada, esperando para engolir sua presa. Sabia que ao sentar-se naquele banco e fechar a porta dificilmente conseguiria fazer Felipe desistir da idéia. (Mas será que ela mesma queria desistir?). Parafraseando o apóstolo Paulo, pensou: “O bem que quero, não faço, mas o mal que não quero, este faço! Miserável mulher que sou! Quem livrará meu corpo desta morte??!” Aquele carro a levaria a um paraíso temporário ou a um inferno mental perene? “Dúvidas, dúvidas, quantas dúvidas! Por que Deus nos deu a opção de tomarmos nossas próprias decisões?? Droga!!Deveríamos ser como robôs, programados para só fazer o que Deus quisesse que fizéssemos ”
Uma buzinada vinda do carro de Felipe fez com que ela saísse do breve momento de luta mental. Olhou para o rosto do rapaz dentro do automóvel e deu um sorriso quase que imperceptível. Por alguns segundos seu cérebro não conseguiu mandar a ordem para suas pernas caminharem. Mas, enfim, começou a andar. Entrou no carro e fechou a porta. Sob a escuridão da película dos vidros ganhou um beijo juntamente com um buquê de rosas. Serviu para distraí-la um pouco. Motor ligado, marcha engatada e o automóvel começou a se deslocar em direção da rodovia à entrada da cidade. Com o som ligado, Felipe monologava sobre vários assuntos, para deixar a namorada relaxada, descontraída, tentando faze-la esquecer da seriedade que era tudo aquilo que estava acontecendo. Mônica, no seu silêncio, começou a perceber que uma fina chuva começava a cair, depois, ficou mais forte, o que fez com que um pequeno congestionamento se formasse no trânsito, uma vez que os automóveis precisavam trafegar mais devagar. Apesar de o ar-condicionado estar ligado, ela sentia as orelhas um pouco quentes, típico das pessoas nervosas. Olhava através do vidro molhado da janela o movimento em câmara lenta dos carros. “Será que todos eles sabem onde estamos indo? Será que sabem o que estamos prestes a fazer?” Isso não lhe saia da cabeça... “Deus é onipresente... será que Ele vai estar lá também ou se recusará a entrar conosco? Ele vai ficar do lado de fora, esperando? Nossa...”. De repente, seus olhos dilataram ao olhar para um outdoor em uma esquina. Apesar da chuva e dos vidros molhados, ela conseguiu ler a frase: “O ESPÍRITO SANTO SE MOVE EM VOCÊ”. Não acreditou naquilo! Enquanto tentava olhar de novo, um caminhão emparelhou com o carro de Felipe, ficando justamente entre Mônica e os dizeres do outdoor. Ficou impaciente com os sessenta segundos que o semáforo levava para ficar verde. Seria um sinal de Deus? Quando os veículos se afastaram um pouco ela pode olhar novamente para o outdoor e percebeu que era apenas uma propaganda de uma agência de turismo, onde se podia ler: “O Espírito Santo espera por você!” E em letras menores, “Venha conhecer nossas praias!” Não, não... ela tinha certeza do que tinha visto e lido. “Será que vi mesmo?”. Tentou se acalmar, enquanto Felipe trocava o cd e colocava algo mais agitado. Ao passarem por uma vila de casas, Mônica olhou para a placa amarela que estava na entrada da rua. Nela estava escrito: “RUA DE MÃO ÚNICA”. Respirou fundo, fundo mesmo, fazendo o namorado perceber e perguntar se ela estava bem. “O universo só pode estar conspirando contra mim... só pode ser isso...”, pensou ela. De repente, ouviu-se um estrondo, como um trovão! POOWW!! Ela não conseguiu segurar o grito de susto e surpresa. Uma manga havia caído sobre o teto do carro e feito todo aquele estrago, inclusive amassando a lataria. Algo que poderia facilmente acontecer, já que moravam na chamada “Cidade das Mangueiras”. Felipe a acalmou, mostrando a simples fatalidade do destino. Foi quando um guarda de trânsito, coberto por uma capa de chuva, apitou e os mandou parar. Ao abrir o vidro do carro pela metade o guarda curvou-se um pouco e olhou para o casal por um segundo. Mônica não olhou nos olhos dele, pois parecia que ele também sabia o que os dois estavam prestes a fazer, mas ficou gelada quando o policial disse para Felipe: “Vocês estão indo pelo caminho errado”, e voltou a apitar e direcionar o trânsito com seus gestos de braço. Mônica olhou para o namorado, que também achou estranha aquela atitude do guarda, mas seguiu viagem mesmo assim.
Enfim, o destino final. Pousada L´amour... A entrada linda, cheia de flores e estátuas, tal qual um jardim grego, onde ao final se via uma guarita com um atendente que permitia ou não sua entrada ao recinto. Com o vidro do motorista levemente aberto Felipe disse o que queria e o atendente lhe disse para onde ir. Mônica, ao lado do namorado, queria se enterrar em algum buraco, envergonhada, não tirando da cabeça que todos os olhos do universo estavam vendo e sabendo o que estava acontecendo ali. Carro na garagem. Momento de abrir a porta e descer. “Caramba, nós podíamos ter ido ao jantar dos namorados da juventude da igreja...”, pensou por um segundo.
Tudo era novidade para os dois. Teorias, existiam muitas. A prática não existia para nenhum deles. “Nossa, parece aqueles que nós vemos nas novelas”, pensou mais uma vez, quando viu tanto espelho para tudo que era lado. A luz indireta, nos detalhes em gesso do teto, deixava o ambiente numa penumbra curiosa. Felipe também estava um pouco nervoso, não por estar fazendo algo que seu coração o condenava, mas por ser sua primeira vez também numa situação como aquela. Gastaram alguns minutos descobrindo os detalhes do lugar, apertando botões, abrindo portas e matando a curiosidade. Depois Felipe disse que precisava ir ao banheiro, mas que ela o esperasse sentada na beirada da cama. Enquanto ele sumia por uma das portas, Mônica fez uma última prece, enquanto desabotoava as duas primeiras casas da blusa que usava: “Meu Deus, me dá um sinal! Eu, eu estou perdida, não consigo raciocinar direito! Me ajude!".
Foi então que o telefone sobre a mesinha de granito tocou....

Trrrrimmmm...........ttrrriiiimmmm.......ttrrrrimmmmm....

“Quem poderia ser?!! Quem sabia que eles estavam ali?!!”

Trrrrimmmm...........ttrrriiiimmmm.......ttrrrrimmmmm....

“Ora, todo mundo sabia!!! Não, não, isso é loucura! Ninguém sabia! Só eles dois!”
Trrrrimmmm...........ttrrriiiimmmm.......ttrrrrimmmmm....

“Somente os dois sabiam!! Só os dois!! Só os.................................somente os................somente os TRÊS sabiam....”

Com a mão trêmula Mônica tirou o telefone do gancho e aproximou de seu ouvido sem saber o que dizer, mesmo que só precisasse dizer...

─ Alô ?

O silêncio do outro lado da linha era diferente. Era como se alguém estivesse ao mesmo tempo em todos os pontos do universo, tão distante, tão distante que tornava-se perto o suficiente para ouvir a respiração de Mônica. Ela disse mais uma vez:

─ Alô? Alô?!

Foi então que ela pode ouvir do outro lado da linha algo bastante familiar, mas parece que vinha de vozes de outro mundo, vozes perfeitas, harmônicas, profundas. Uma música, escrita por homens, inspirada por Deus, cantada por anjos...

Quero que valorize o que você tem, você é um ser, você é alguém, tão importante para Deus. Nada de ficar sofrendo angústia e dor, nesse seu complexo interior, dizendo às vezes que não é ninguém. Eu venho falar do valor que você tem, eu venho falar do valor que você tem. Ele está em você, O ESPÍRITO SANTO SE MOVE EM VOCÊ, até com gemidos inexprimíveis, inexprimíveis....”

Mônica simplesmente não podia acreditar. Estava realmente ouvindo aquilo? Ou seria apenas sua consciência fabricando maneiras de puni-la mentalmente pelo peso do erro que iria cometer? Afastou o fone do ouvido e por alguns segundos ficou olhando para ele, como se aquele objeto fosse desconhecido por ela. Mas ao longe ainda ouvia o coro de vozes cantando de maneira esplendorosa, fazendo com que os cabelos ralos e aloirados de seus braços ficassem arrepiados. Colocou de volta o fone no ouvido e escutou por várias vezes a frase da música que dizia: “VOCÊ TEM VALOR, O ESPÍRITO SANTO SE MOVE EM VOCÊ, VOCÊ TEM VALOR, O ESPÍRITO SANTO SE MOVE EM VOCÊ, VOCÊ TEM VALOR..”.
Afastou novamente o fone do ouvido e o colocou no gancho novamente. De cabeça curvada, começou a chorar baixinho, ao mesmo tempo que, com um grande sentimento de vergonha, abotoou novamente sua blusa. Havia entendido o recado. Mais explícito do que aquilo só se Jesus aparecesse pedindo para que ela tocasse nas suas chagas como fez com Tomé. Não importava mais se aquilo tinha sido fruto de sua imaginação ou se realmente havia sido um milagre.
O choro aumentou....... As lágrimas caíram por alguns minutos... até que se lembrou de Felipe. Lembrou-se também do porque de estarem ali. Ao mesmo tempo em que ela ficou de pé ele saiu do banheiro com um sorriso no rosto, que logo se desfez ao perceber que a namorada esteve chorando. Quando fez menção de falar algo para ela ou fazer alguma pergunta óbvia, ela disse:

─ Antes que você fale alguma coisa, quero te dizer que nós não deveríamos estar aqui agora. Deveríamos estar no jantar dos namorados e não aqui! Não está certo isso que estávamos para fazer! Deus literalmente me disse isso, tão claro quanto a luz, que não devemos fazer isso! E se você me ama mesmo e é um homem de Deus, você vai me respeitar e esperar o mesmo que eu............não podemos participar das coisas na nossa igreja se estivermos pecando desta forma, pois até nossa oração será algo abominável ao Senhor! Agora me leve embora deste lugar, por favor! Não quero ficar mais nem um minuto nesse, nesse.....aqui, nessa coisa! Estou esperando por você lá no carro.

Felipe ficou olhando para Mônica, que começou a andar em direção à porta. O que havia acontecido com ela? Tudo parecia estar dando certo! Mas começou a refletir nas breves e duras palavras que ela acabara de lhes dizer. Abaixou a cabeça e ficou olhando para aquele tapete cafona que já havia sido pisado por centenas de casais. Ela estava correta.... talvez a maior vergonha para ele não fosse estar ali, mas ter recebido a repreensão de Deus pela boca de sua namorada. Pegou seu relógio, celular e carteira de sobre a mesa e andou em direção à porta também.
Ao entrar no carro, encontrou Mônica calada, olhando sempre para a frente, como se estivesse vendo algo muito interessante em uma televisão. No seu colo estava o buquê que havia ganho de Felipe. Ao colocar o carro em movimento olhou para o relógio. Ainda daria tempo de levar sua amada para o jantar dos namorados. Nenhuma palavra foi dita até o momento em que chegaram ao portão de saída, quando viram o carro de um jovem conhecido da igreja entrando pelo outro portão. Ainda deu para ver os cabelos loirinhos de sua namorada ao seu lado, antes do vidro subir completamente após ser atendido na guarita.

─ Você viu o que eu vi?? ─ Perguntou Felipe.

Mônica ficou sem palavras. Não queria acreditar que aquilo também estava acontecendo com a Vivian. (Mas por que não poderia acontecer?)

─ Vi......vi sim.....

Ela respirou fundo e virou para o outro lado, se certificando de que eles também não estavam sendo vistos por ninguém.

─ Espero que, ao entrar, a Vivian passe algum tempo perto do telefone... ─ Disse Mônica, deixando Felipe sem saber o porquê daquele comentário.

─ Vamos embora, quero ver se ainda conseguimos uma mesa no jantar dos namorados da juventude. ─ Falou Felipe, acelerando o carro em direção à cidade, buscando fazer o certo e recuperar a admiração e o respeito de sua namorada.

FIM

C.S.Brito
06.05.2008
visite também: redomma.blogspot.com